O horário de verão, prática que adianta os relógios em uma hora durante os meses mais quentes, deixou de ser adotado no Brasil em 2019. Na época, a justificativa para a suspensão foi a mudança nos hábitos da população, que reduziu a eficiência da medida. No entanto, o uso de energia passou a se concentrar mais no período da tarde, aumentando ainda mais o uso do ar-condicionado, dessa forma, diminuindo o impacto positivo do deslocamento no horário de pico.
Ainda assim, em entrevista concedida à Rádio Clube 98, o professor de geografia Bruno Matias Telles trouxe dados relevantes do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) a respeito da economia resultante do horário de verão. Segundo o órgão, a medida poderia proporcionar economia no consumo de energia entre 18h e 21h, o que representaria cerca de R$ 1,8 bilhão de reais poupados.
Além do benefício elétrico, setores produtivos defendem que a volta do horário de verão traria ganhos econômicos, já que o maior tempo de luz natural estimularia a circulação de pessoas, aumentando o movimento no comércio, em bares e restaurantes. Segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), o faturamento do setor poderia crescer até 15% com a retomada.
O impacto positivo não seria apenas econômico. O horário de verão, ao reduzir a necessidade de iluminação artificial, também diminui a pressão sobre o sistema elétrico e reduz a dependência de termelétricas, que têm custos mais altos e maior impacto ambiental.
Apesar desses possíveis benefícios, o Ministério de Minas e Energia (MME) declarou que não pretende retomar a medida em 2025. A pasta afirma que a questão é constantemente avaliada, mas não há necessidade de aplicação neste momento. O ONS indica que o fornecimento está assegurado pelo menos até fevereiro de 2026, e as condições dos reservatórios são consideradas favoráveis.
O ministro da pasta, Alexandre Silveira, reforça que o horário de verão só voltaria a ser cogitado em situações de escassez de energia, especialmente durante períodos de seca severa. Para garantir a estabilidade da rede, o governo aposta em outras estratégias, como aumentar a geração de hidrelétricas estratégicas — entre elas Itaipu e as do rio São Francisco — e ajustar a vazão de usinas no Paraná para preservar os níveis de armazenamento.
Diante desse cenário, a reportagem da Rádio Clube 98 foi às ruas conversar com a população. Entre os entrevistados, a maioria se manteve contra a volta do horário de verão.
Para Sarah Gabrielly, uma das entrevistadas, o horário de verão “bagunça os horários” e é de difícil adaptação, já para Eversom José, a volta ou não da medida “não influencia em nada“, pois, segundo ele, o gasto residencial será o mesmo.
Confira a reportagem da Rádio Clube 98: