O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que a inflação no Brasil tem caído “mais ou menos” de acordo com a expectativa da instituição, apesar de os preços do setor de serviços apresentarem mais resistência, como mostraram os dados mais recentes do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
No mesmo evento, Campos Neto disse também que o mercado financeiro tem errado nas previsões de crescimento da economia há três anos e que os dados deste início de 2024 devem surpreender para cima, também puxados pelo setor de serviços.
“Olhando a perspectiva de crescimento do primeiro trimestre, está parecendo que vai surpreender para cima. Essa é a nossa primeira intuição lá no Banco Central, olhando os dados de mais alta frequência. A gente vê serviços puxando bastante o crescimento”, afirmou o Campos Neto durante evento do banco BTG Pactual
Segundo ele, há um debate se as surpresas positivas no crescimento econômico nos últimos anos estão ligadas ao efeito de reformas feitas no passado. “Eu acho que tem [relação]. Acho difícil dizer que é somente efeito de um programa de transferência maior ou alguma coisa desse tipo.“
O Presidente do BC afirmou que o mercado de trabalho continua surpreendendo positivamente também e que os dados de inflação mostram pressões maiores em bens e serviços de setores mais intensivos em uso de mão de obra e destacou ainda que a confirmação da meta de inflação de 3% para os próximos anos pelo governo foi um marco que ajudou a reduzir as expectativas de mercado para o índice de preços.
Por fim, citou ainda queda nas expectativas de inflação implícitas em prazos mais longos, o que, segundo ele, derruba o argumento de que existe um risco de mudança de equipe no Banco Central. Campos Neto deixará a presidência do BC no final deste ano, após seis anos no cargo, e será substituído por alguém indicado por Lula.
Nesta terça, o BC divulgou a ata do Copom (Comitê de Política Monetária), na qual a instituição destacou que o cenário doméstico tem evoluído como o esperado pelo BC, com um progresso desinflacionário relevante, mas que a incerteza internacional prescreve cautela à política monetária, frisando que ainda há um longo caminho a percorrer no retorno da inflação à meta.
Fonte: Estado de Minas