A dengue, chikungunya e zika são doenças sazonais, com tendência de maior concentração de casos entre os meses de janeiro e maio, em todo o estado. As três doenças são transmitidas pelo Aedes aegypti e, embora tenham sintomas parecidos, apresentam algumas características que podem ajudar a diferenciá-las.
A enfermeira e referência técnica da Coordenação Estadual de Vigilância das Arboviroses, Suely Dias, explica que a dengue é uma doença febril aguda, sistêmica e dinâmica, geralmente com evolução benigna, mas que pode evoluir para formas graves.
“As infecções por dengue podem ser assintomáticas ou apresentar sintomas que envolvem febre (geralmente acima de 38°C, de início abrupto e duração de dois a sete dias), dores de cabeça e musculares, dor nas articulações e atrás dos olhos. Também podem estar presentes vômitos, diarreia e erupções cutâneas vermelhas pelo corpo”, explica.
Já a chikungunya possui fase aguda com duração de cinco a 14 dias, uma fase pós-aguda que pode durar até três meses e pode se tornar crônica se os sintomas persistirem após esse período. Suely detalha que, na fase aguda, há surgimento abrupto de febre alta (maior de 38,5°C), dor forte nas articulações e músculos, dor de cabeça intensa e fadiga.
“As manchas vermelhas da chikungunya surgem do 2º ao 5º dia após início da febre, afetando principalmente tronco, extremidades e face. Na fase pós-aguda e crônica, quando há persistência de sintomas, eles se manifestam principalmente nas articulações, com edema e dor”, afirma.
A infecção pelo Zika vírus pode ser assintomática ou sintomática. A referência técnica explica que geralmente a doença é autolimitada, variando de Dois a sete dias. Pode apresentar febre baixa (menor que 38,5°C) ou ausente, erupções cutâneas vermelhas de início precoce, conjuntivite não purulenta, dor e edema nas articulações, dor de cabeça e aumento dos linfonodos. Deve-se atentar para manifestações neurológicas.
Tratamento
Suely Dias explica que não há tratamento específico nem vacina para as infecções por estes vírus. A recomendação, em caso de sintomas, é para que o paciente procure a Unidade Básica de Saúde mais próxima para avaliação. Além disso, é importante fazer repouso e cuidar da reposição de líquidos.
No caso de dengue, é extremamente importante que haja reconhecimento precoce dos sinais de alarme e gravidade. Para chikungunya, um profissional deve ser consultado para que sejam recomendados analgésicos e tratamentos não farmacológicos como fisioterapia e exercícios.
Suely também alerta que medicamentos devem ser utilizados somente com prescrição médica e para aliviar os sintomas.
“Alguns medicamentos como ácido acetilsalicílico (AAS, Aspirina) e outros anti-inflamatórios não hormonais (ex.: ibuprofeno, nimesulida, diclofenaco etc.), podem aumentar complicações hemorrágicas, principalmente em caso de dengue, por isso não devem ser utilizados”, pontua.
Sequelas
As consequências mais relevantes das arboviroses a longo prazo são a cronificação, nos casos de chikungunya, e a transmissão vertical (ou seja, da mãe para o feto) da zika, podendo levar à síndrome congênita associada à infecção pelo vírus.
Considera-se fase crônica de chikungunya quando os sintomas permanecem por mais de três meses, especialmente as dores musculares e articulares.
Na zika congênita, fetos expostos à infecção pelo vírus durante a gestação, podem ter seu crescimento e desenvolvimento neurocognitivo comprometidos, podendo apresentar sinais clínicos como a microcefalia.
Prevenção e controle
Embora a dengue, zika e chikungunya tenham tendência de maior concentração de casos entre os meses de janeiro e maio, em todo o estado, é preciso reforçar que o vetor das doenças circula durante todo o ano. Por isso, os cuidados em relação ao combate aos focos do mosquito não devem cessar.
Por parte da saúde estadual, as ações permanentes, adotadas para conter o avanço dos casos de dengue em Minas, vão desde a mobilização de parceiros em todo o estado, realização de Força-Tarefa (equipe composta por agentes da Saúde Estadual e da Fundação Nacional de Saúde – Funasa) em municípios com alta incidência de pessoas com dengue e alta infestação do mosquito, campanhas educativas por meio das redes sociais, mobilização da população sobre os cuidados para evitar os focos do Aedes aegypti, até a elaboração dos Planos de Contingência Estadual e Municipais para prevenção e controle das doenças transmitidas pelo mosquito.
Entretanto, a participação da população é de fundamental importância para o controle da doença, sobretudo quando se leva em conta o fato de as residências concentrarem 80% dos focos do mosquito transmissor. Destaca-se que a inspeção na residência, com a remoção de focos com água parada, é algo que não toma muito tempo e deve ser feita rotineiramente. Como exemplo, os vasos de plantas, pneus usados como possíveis criadouros do Aedes e outros objetos e recipientes em geral que possam acumular água.
Fonte: Secretaria de Estado de Saúde – SES-MG