Nesta segunda-feira (17/10), o programa Radar recebeu a participação de representantes do Consórcio Intermunicipal de Saúde da Rede de Urgência e Emergência da Região Ampliada Noroeste (CISREUNO) e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU Regional): Camila Matos, secretária executiva do CISREUNO; e Drª Maria Beatriz, diretora de Regulação.
Na ocasião, elas apresentaram a versão do SAMU sobre a ocorrência em que um trabalhador morreu na comunidade de Arraial dos Afonsos antes de receber atendimento; passaram orientações para a população ter um melhor aproveitamento do SAMU; e explicaram o funcionamento do serviço que deve atender Patos de Minas e 32 outros municípios.
Durante o bate-papo, Camila Matos afirma que a versão de que o homem teria aguardado aproximadamente 40 minutos por atendimento é uma informação “distorcida” e “exagerada”. A secretária executiva detalha que, na primeira tentativa de contato do solicitante, a ligação estava “muito ruim e chiando”, não sendo possível coletar quaisquer informações suficientes para enviar a ambulância de socorro.
Já na segunda chamada, foram coletados dados básicos como o nome da localidade e o estado do paciente.
“Arraial dos Afonsos é uma comunidade muito extensa. Não tem como você saber qual é a fazenda sem uma descrição, uma localização. Então, foi-se tentando conseguir essa informação mas, para ganhar tempo, já disparou a ambulância. […] Em questão de pouco mais de quatro minutos dessa ligação que ele (o solicitante) conseguiu falar, a ambulância já estava saindo a caminho”.
Após isso, de acordo com Camila, os atendentes continuaram tentando obter a localização exata por WhatsApp, mas sem sucesso, até que o solicitante pediu o cancelamento do atendimento porque o paciente teria vindo a óbito. Ela destaca que todo esse procedimento levou cerca de 11 minutos.
“Mesmo que a gente tivesse conseguido, no primeiro minuto, disparar a ambulância com as informações corretas, em 11 minutos a gente não teria conseguido nem chegar até Arraial dos Afonsos”, acrescenta.
Maria Beatriz, por sua vez, passou orientações sobre como aproveitar melhor o contato com a Central de Regulação Médica do SAMU, facilitando, dessa forma, o atendimento. Ela explica que é preferencial que o solicitante esteja no local e verifique de que forma pode oferecer uma primeira ajuda. Isso para evitar que o acionamento seja feito para socorro de um acidente que já tenha sido atendido como, por exemplo, ao ver um carro em ribanceira, uma pessoa deitada em via pública ou situações similares.
Além disso, as perguntas feitas pelo atendente da Central de Regulação são importantes para que sejam passadas orientações de primeiros socorros e para que o tipo certo de veículo para cada caso seja enviado, podendo ser a ambulância avançada (com condutor-socorrista, médico e enfermeiro) ou básica (sem médico).
A diretora de Regulação também ressalta a importância de explicar a localização da forma mais detalhada possível, especialmente em zonas rurais e comunidades, além de especificar o município ou cidade, para seguimento de protocolo. Outra orientação é para que o solicitante do socorro procure um lugar com sinal melhor para uma comunicação mais limpa, mas sem deixar a vítima desacompanhada.
Citando uma situação em que um servidor utilizou um colar cervical de forma incorreta, Camila afirma que ele foi advertido e que a equipe tem se esforçado, com frequentes treinamentos, para oferecer um serviço de qualidade para a população.
Sobre o atendimento aos demais municípios que fazem parte do SAMU Regional, Camila explica que, nesses 14 primeiros dias de trabalho, a decisão do CISREUNO foi de focar em Patos de Minas até que os demais integrantes estejam completamente aptos para receber o serviço, o que deve acontecer em 1º de novembro.
“Tudo que é novo tem as suas dificuldades e enfrentamentos, mas tem um ganho para essa população, um ganho regional, em que 32 outras cidades, além de Patos, que não tinham esse serviço passam a ter. Essa é uma política do Ministério da Saúde”, declara Camila.
A secretária executiva do CISREUNO também afirma que é necessário pensar na saúde como rede e que o SAMU é uma vitrine dos problemas dessa área na região.
“Nós precisamos mostrar os problemas mesmo. Nós estamos dispostos a ser esse telhado de vidro que todo mundo vai tacar pedra, mas para a gente trazer melhoria”.
A dinâmica dos atendimentos e encaminhamentos realizados pelo SAMU Regional; as formas que o serviço deve trazer melhorias para a região; os protocolos do Ministério da Saúde que o SAMU deve seguir; os recursos financeiros destinados para o fortalecimento da rede; processos seletivos e o corpo de profissionais que compõem o atendimento móvel de urgência também estiveram entre os assuntos abordados no programa desta segunda-feira.
Confira a entrevista na íntegra (áudio ou vídeo):