Com as férias escolares, pais, responsáveis e cuidadores precisam redobrar a atenção já que acidentes domésticos podem ocorrer em momentos de distração – principalmente com as crianças menores.
Uma das ocorrências mais frequentes dentro de casa é a que envolve “corpos estranhos”, termo que se refere a qualquer objeto ou substância ingerido ou colocado pela criança nas narinas ou nos ouvidos: moedas, peças menores de brinquedos e tampas de garrafas são alguns exemplos que costumam levar os pequenos aos serviços de emergência.
De acordo com o gerente médico do Complexo Hospitalar de Urgência e Emergência da Rede Fhemig, no Hospital João XXIII (HJXXIII), Rodrigo Muzzi, crianças em idade pré-escolar são as que mais têm curiosidade em colocar as coisas na boca.
Segundo o profissional, alguns objetos merecem atenção especial, pois são mais perigosos caso ingeridos e devem ser mantidos à distância.
“Peças pequenas e pontiagudas, como pregos e parafusos, são fáceis de serem engolidas e podem causar perfurações no esôfago, estômago e intestino da criança. Já objetos maiores, de plástico, podem ficar entalados e causar engasgos, devendo ser manuseados sempre com a supervisão de um adulto”, explica o profissional.
Pilhas e baterias são objetos comuns de serem engolidos, pois são pequenos e encontrados em diversos brinquedos infantis. Segundo Muzzi, as baterias, apesar de normalmente estarem parafusadas e serem mais difíceis de acessar, são potencialmente perigosas para os pequenos.
“Em contato com o suco gástrico, a bateria gera uma corrente elétrica que pode causar queimaduras nos órgãos internos”.
Vias aéreas
Apesar da introdução de objetos no nariz e ouvidos gerar menores riscos quando ficam alojados nos orifícios, eles podem ser esquecidos se a criança não avisar aos pais e responsáveis e aí acarretar infecções.
Já os grãos como castanhas, milho de pipoca, feijão cru e amendoim oferecem um risco maior se aspirados, ou seja, se entrarem nas vias aéreas.
Quando ocorre a aspiração, o corpo estranho obstrui a entrada e a saída do ar causando asfixia; e, se ele vai para o pulmão, a gravidade é ainda maior, porque pode causar inflamações e até pneumonia.
“A imaturidade da criança pode fazê-la se engasgar com mais facilidade e aumentar o risco da aspiração ao invés da ingestão. As vias aéreas são menores, isso significa que o corpo estranho tem um impacto maior, com asfixia mais grave do que em crianças maiores”, explica o pediatra do HJXXIII, André Marinho.
“A cozinha é o local mais perigoso da casa. Alimentos devem estar distantes e em altura segura”, completa. O médico sugere, inclusive, que adultos não manipulem este tipo de alimento perto de crianças muito pequenas.
O que fazer?
As crianças que ingeriram ou introduziram corpos estranhos devem ser imediatamente levadas ao pronto-socorro mais próximo. Segundo André Marinho, caso os pais observem sinais como a queixa de dor no tórax, vômitos, salivação excessiva, mesmo sem terem visto o que aconteceu, também devem procurar o serviço médico mais próximo.
“Também não é recomendado tentar remover os objetos engolidos com as mãos, a não ser que ele esteja bem visível na boca, pois o risco de empurrar ainda mais fundo e piorar a obstrução é muito alto”, ressalta o coordenador de pediatria.
Em caso de ingestão de pilhas e baterias, não se deve oferecer leite nem outros líquidos.
Com informações: Ascom FHEMIG