O recente aumento de casos de Covid-19 em Minas Gerais – 8.279 casos e 49 óbitos confirmados nas últimas 24h, de acordo com o Boletim da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES/MG) do dia 13 de dezembro – tem levantado novas preocupações na população e nos órgãos de saúde, especialmente por causa da circulação de novas variantes resistentes às vacinas disponíveis atualmente.
Em um estudo recente, a Fundação Ezequiel Dias (FUNED) sequenciou amostras de casos infectados com o novo coronavírus (SARS-CoV-2) para investigar o perfil das linhagens genéticas do vírus em circulação. Os resultados confirmam o espalhamento da variante Ômicron BQ.1 na região metropolitana de Belo Horizonte e no interior mineiro.
Ludmila Oliveira Lamounier, analista e servidora do Serviço de Virologia e Riquetsioses da Fundação, destaca que, nesse sequenciamento, a maior parte das amostras foram classificadas pertencendo à linhagem BQ.1.
“As amostras foram coletadas em diferentes municípios do estado de Minas Gerais. É importante observar também que foi detectada, pela primeira vez no estado, a linhagem BN.1. Contudo, com os dados atuais, ainda não podemos inferir sobre o impacto dessa variante no contexto epidemiológico, sendo de extrema importância o trabalho da vigilância genômica para monitorar essa linhagem e outras que podem surgir”, afirma.
As linhagens BA.4, BA.5, BF.7, BN.1 e BQ.1, assim como suas sublinhagens, pertencem a variante Ômicron, que é considerada uma variante de preocupação, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Ainda de acordo com a OMS, a linhagem BQ.1 possui mutações na região da proteína SPIKE. Entretanto, ainda não há dados sobre o impacto dessas mutações na gravidade da covid-19, sendo as vacinas e todas as medidas de segurança importantes medidas para o controle da doença.
Dose de reforço? Vacina bivalente? O que funciona?
Em entrevista ao departamento de jornalismo do Sistema Clube, o Dr. Rubens Pasa, professor da Universidade Federal de Viçosa (UFV/Rio Paranaíba) e coordenador do Laboratório de Diagnósticos Moleculares, falou sobre essa nova onda de Covid-19 e as variantes do vírus que têm deixado os órgãos de saúde em alerta.
Dentre outros cuidados, como voltar a usar máscaras em locais fechados, Dr. Rubens ressaltou a importância das vacinas na prevenção da infecção. No entanto, para ele, um erro foi cometido principalmente no que tange a conscientização da população sobre a ação dos imunizantes.
“O vírus da Covid-19 muda muito rápido e as vacinas foram desenvolvidas muito específicas para aquele vírus que está circulando. […] Como o vírus da gripe, por exemplo, já há muito tempo tínhamos campanhas de conscientização dizendo ‘todo ano o vírus da gripe muda, temos que fazer uma vacina nova e vacinar novamente’. na pandemia, não tivemos essa conscientização. Então, as pessoas não sabem e não entendem que esse vírus muda e até mais rápido porque é mais transmissível”, explica Dr. Rubens.
O professor ainda acrescenta que a vacinação realizada até o momento passa por diversos problemas, como: a circulação do vírus entre crianças até que essa faixa fosse inclusa na imunização; a queda na eficiência das vacinas atuais após 200 dias; a demora na aprovação do imunizante bivalente pela ANVISA e o fato de que o lote de doses que o Brasil recebeu na última semana já estar “atrasado” quanto a novas subvariantes.
Confira a entrevista completa:
