O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) subiu 1,62% em março, o maior patamar para o mês desde 1994, segundo dados divulgados pelo IBGE no dia 8 de abril. A alta da inflação vem puxada principalmente pelos alimentos, sendo que oito dos dez produtos que mais subiram são gêneros alimentícios e bebidas. A cenoura foi o item com maior elevação: 166% em 12 meses.
A forte alta de preços não é novidade para quem costuma ir ao supermercado e sacolões. Os consumidores já sentiram no bolso que vários produtos hortigranjeiros estão bem mais caros. Inclusive, Minas Gerais e São Paulo, maiores estados produtores de cenoura do Brasil, sofreram bastante com problemas climáticos no início do ano, como observa o coordenador estadual de Olericultura da Emater-MG, Georgeton Soares.
“Em janeiro e até o mês de fevereiro, houve um excesso de chuvas nessas regiões produtoras, o que causou perdas das lavouras que estavam no campo, devido à dificuldade de controle fitossanitário. As fortes precipitações também impediram o cultivo de novas áreas e o escalonamento da produção como ocorre normalmente. Com isso, houve uma descontinuidade da produção e a menor oferta de cenoura provocou a alta do produto”, explica Georgeton.
A mesma explicação serve para outro alimento que figura nas primeiras posições do ranking do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística): o tomate. O preço do alimento subiu 94,55% e, segundo Georgeton, é uma cultura de alto risco no período chuvoso. “Por ser em campo aberto, o produtor reduz o cultivo na época de chuvas. Atualmente, o custo de produção de um hectare de tomate é cerca de R$110 mil, um prejuízo muito alto em caso de perda, principalmente se levarmos em conta que aproximadamente 60% dos produtores da cultura são da agricultura familiar”, comenta o coordenador da Emater-MG.
Tendência dos preços
Desde março, segundo Georgeton, voltou a ocorrer o escalonamento da produção. Com isso, a expectativa é de um aumento da oferta de cenoura e de tomate em maio, o que deve trazer uma maior equilíbrio dos preços para esses produtos, assim como várias outras culturas que sofreram com as chuvas do início do ano.
Além da cenoura e tomate, os outros alimentos que subiram mais de 50% no acumulado de 12 meses e ajudaram a puxar a inflação para cima, segundo o IBGE, foram o pimentão (80,44%), o melão (68,95%), a melancia (66,42%), o repolho (64,79%), o café moído (64,66%) e o mamão (54,95%).
O coordenador da Emater-MG comenta que, em momentos de menor oferta de alguns alimentos, é comum haver especulação de preços no mercado, então o consumidor deve estar atento para fazer as melhores compras.
“A expectativa é que os preços praticados no varejo da maioria das hortaliças se normalizem em maio, com a maior oferta de muitas olerícolas. Mas, enquanto isso, é recomendado o consumidor pesquisar preços e até fazer a substituição do cardápio por alimentos que estão mais em conta, atualmente, como o inhame, a mandioca, a moranga e o pepino”, sugere o coordenador.