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Minas Gerais inicia preparação para prevenir, tratar e controlar possíveis casos de varíola do macaco

No Brasil, até agora, de acordo com o Ministério da Saúde, há três casos em investigação, distribuídos pelos estados de Santa Catarina, Ceará e Rio Grande do Sul
Fhemig / Divulgação

Em resposta ao alerta epidemiológico emitido pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no dia 20/5, a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) produziu o “Protocolo Clínico para orientações gerais, prevenção e controle do Monkeypox (varíola do macaco)”.

O documento foi formulado em menos de duas semanas, com as melhores e mais atualizadas evidências disponíveis. Ele traz informações necessárias à assistência segura ao paciente suspeito e/ou confirmado de infecção pelo vírus Monkeypox, que transmite a varíola dos macacos. 

O secretário de Estado de Saúde e ex-presidente da Fhemig, o médico Fábio Baccheretti, afirma que o protocolo é fundamental para o reconhecimento precoce dos pacientes suspeitos e também para ações de vigilância sanitária pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-MG).  

“Esse protocolo vai orientar as equipes da Fhemig e vai ser utilizado também pelos outros hospitais que, comumente, adotam os protocolos desenvolvidos pela Fundação, que tem expertise no assunto”, ressalta. 

Amplitude de uso 

De acordo com o médico infectologista e membro da Coordenação de Segurança Assistencial da Diretoria Assistencial (Dirass) da Fhemig, Flávio Souza Lima, o público-alvo do protocolo clínico são os profissionais de saúde que atuam na Fundação. 

“Ele foi elaborado com o objetivo de subsidiar as unidades assistenciais da Rede e também poderá ser utilizado, como base, para a elaboração de protocolos de outros serviços”, reforça o infectologista. Ainda segundo Flávio, a Fhemig sempre consulta as normatizações nacionais e internacionais na elaboração de suas políticas assistenciais. 

Lucinéia Carvalhais, médica infectologista e gestora da Diretoria Assistencial da Fhemig, destaca que, em razão do impacto macrorregional da Fhemig, que atua alinhada com as necessidades do SUS estadual e macrorregional, foi preparado o protocolo, que dá as diretrizes para as unidades hospitalares da Rede para o recebimento e o manejo dos casos que entrem em critério de suspeição de Monkeypox. 

Antecipação 

O protocolo incorpora todas as diretrizes para a celeridade da notificação, numa eventual contenção de disseminação da doença, assim como para o cadastro no SUSFácil, caso haja necessidade de internação. 

A diretora assistencial assegura que os casos de Monkeypox que têm ocorrido no mundo, fora da África, não têm demonstrado necessidade de internação hospitalar, nem complicações graves. 

“Esse não é um evento que possa ser descartado. Caso ocorra isso, as unidades estarão preparadas para conduzirem a fase inicial, inclusive, com o envio para internação. No caso de adultos, a referência é o Hospital Eduardo de Menezes, se houver demanda por internação, que, inclusive, já preparado com seu protocolo interno e plano de contingência para atendimento. Para a internação de crianças, a referência é o Hospital Infantil João Paulo II. Ambos são hospitais da Fhemig e referências estaduais para doenças infecciosas”, diz Lucinéia Carvalhais. 

Trabalho em grupo 

O protocolo clínico para o manejo da varíola do macaco, elaborado pela Fhemig, teve, além de Flávio Souza Lima, a autoria das infectologistas Lívia Fulgêncio da Cunha Melo e Elisa Caroline Pereira Assad. Contou ainda com a colaboração do médico clínico Guilherme Donini Armiato, da infectologista Tatiani Oliveira Fereguetti e do cirurgião geral Victor Ikeda. 

Para Guilherme Donini, a experiência recente da comunidade científica e médica no enfrentamento à pandemia da covid-19 motivou a agilidade no enfrentamento à varíola do macaco. “Isso é fruto da pandemia anterior que está muito viva em nossa mente”, acredita. 

Casos 

A OMS informou, em coletiva de imprensa realizada na quarta-feira (1/6), que os casos confirmados da doença já somam 550 e foram registrados em 30 países. A hipótese levantada pelo organismo internacional de saúde é que, devido ao fato de o vírus circular em diversos países ao mesmo tempo, é provável que o Monkeypox estaria circulando de forma indetectável já há algum tempo. Ainda segundo a OMS, trata-se, neste momento, de um surto da doença. 

No Brasil, até agora, de acordo com o Ministério da Saúde, há três casos em investigação, distribuídos pelos estados de Santa Catarina, Ceará e Rio Grande do Sul. Segundo Flávio Lima, ainda não é possível estimar a probabilidade de ocorrência de casos em Minas Gerais, “mas caso ocorram, é fundamental que os serviços de saúde já tenham se preparado para o atendimento desses casos”. Daí a importância do protocolo clínico de manejo da doença desenvolvido pela Fhemig. 

Flávio destaca que a varíola dos macacos é conhecida desde meados do século passado e que é endêmica em algumas regiões do continente africano. Além disso, já ocorreram casos em outros continentes no passado. “Ainda não é possível afirmar se o número de casos que ocorrem neste momento será suficiente para uma epidemia ou pandemia, mas a vigilância já se iniciou”, completa o infectologista. 

Transmissão e sintomas 

Além de ser menos transmissível que a covid-19, tudo indica que o número de casos da varíola do macaco será menor. “É importante salientar que ainda não ocorreram óbitos fora do continente africano, até o momento”, diz o especialista. Flávio Lima acentua que, em regiões endêmicas, o Monkeypox causa uma letalidade entre 1% e 10%. 

Acredita-se que os hospedeiros animais da varíola do macaco sejam roedores silvestres e primatas não humanos. Outro ponto importante é que não há vacina específica contra o vírus Monkeypox. Por outro lado, segundo nota técnica da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), do dia 31/5, não há vacina contra a varíola humana disponível, neste momento, que poderia ser usada no caso da varíola do macaco. Ela foi responsável pela erradicação da varíola humana na década de 80 e possui eficácia de 85% quando aplicada em pessoas infectadas pelo Monkeypox. 

Os sintomas da varíola do macaco são mal-estar geral, febre e cansaço, que são muito parecidos com os da gripe. Além disso, os nódulos linfáticos ficam inchados. Na sequência, aparecem erupções na pele, que podem se iniciar como manchas vermelhas e sem volume, depois apresentam volume e bolhas para, finalmente, formarem cascas. Uma característica que a diferencia da varicela (catapora) é que as lesões se apresentam em uma mesma fase de evolução nos casos de varíola. 

Acesse o protocolo em: bit.ly/3NQTlEy 

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