A Fundação Ezequiel Dias (Funed) atua para fortalecer a investigação de doenças de importância em saúde pública, como febre amarela, dengue, zika, chikungunya e malária. Agir antecipadamente, prevendo possíveis surtos de doenças, é um dos trabalhos realizados nesse processo, assim como a identificação do local provável de infecção no território dos municípios mineiros, em situações de casos confirmados dessas doenças.
Neste último mês, o Laboratório de Entomologia do Serviço de Doenças Parasitárias (SDP) da Funed, em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), realizou ações de captura de vetores que podem transmitir a febre amarela e outras arboviroses, e também daqueles que podem propagar a malária.
Já no trabalho voltado para a malária, a investigação de vetores potencialmente transmissores foi uma resposta a um caso humano confirmado de malária vivax na região de Três Marias e Brasilândia de Minas. A identificação do local provável de infecção do caso é essencial para realização de medidas de prevenção e controle para se evitar o surgimento de um surto da doença, uma vez que vetores contaminados com o parasito causador da malária (Plasmodium sp.) podem infectar outras pessoas.
Vigilância entomológica
Segundo a responsável técnica de entomologia do SDP, Ana Lúcia Pedroso, a Funed pode ser acionada pelos municípios, pelas Superintendências Regionais de Saúde (SRS), via SES-MG, ou pelo Ministério da Saúde para realizar o trabalho de vigilância entomológica, por meio da captura e identificação das espécies dos vetores envolvidos na transmissão de doenças parasitárias como malária, leishmanioses e doença de Chagas, além do diagnóstico parasitológico, molecular e/ou sorológico dessas doenças.
Já nos casos dos vetores envolvidos na transmissão de doenças virais, como dengue, zika, chikungunya e febre amarela, Ana Lúcia explica que os vetores identificados são encaminhados para o Serviço de Virologia e Riquetsioses da Funed para detecção dos vírus por biologia molecular, pela técnica de PCR.
“Em ambos os casos, a identificação dos vetores é importante para prevenir surtos das doenças e direcionar as ações de controle”, detalha a servidora do SDP.
Investigação de malária
A ação de investigação do caso de malária ainda está em andamento. Já foi realizada a primeira parte, com coleta dos vetores no município de Brasilândia de Minas e em Três Marias. Cerca de 15 pessoas estiveram à frente nessa fase, que contou com a participação da SES-MG, SRS de Sete Lagoas e SRS de Patos de Minas, além dos profissionais dos municípios envolvidos. Pela Funed, foram enviados a campo quatro agentes de endemias, com o suporte dos analistas no Laboratório de Entomologia.
A referência técnica em diagnóstico parasitológico e molecular do SDP, Job Alves, conta que a coleta em Brasilândia de Minas foi especialmente desafiante. “Os agentes de endemias precisaram acessar estradas de terra e via fluvial para chegar ao local do foco, com a dificuldade extra do período de chuvas e das ações noturnas”, relata.
Para a captura de cada espécie, Job explica que deve ser observado o período de atividade dos mosquitos. “Os vetores da malária, as formas adultas do gênero Anopheles sp., devem ser capturados nos períodos crepusculares e as larvas capturadas no período diurno. Após a captura, os vetores são enviados para o Laboratório de Entomologia para identificação taxonômica das espécies, utilizando lupas e microscópio”, detalha.
Os resultados serão repassados para a SES-MG e para os entes municipais envolvidos. O laboratório de Entomologia da Funed também realiza periodicamente cursos de capacitação para o diagnóstico parasitológico e entomológico, já tendo capacitado centenas de profissionais ao longo dos últimos anos.
Com informações: Agência Minas