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Ginga: projeto busca construir educação antirracista nas escolas de Minas Gerais

Inovadora e transformadora, a iniciativa terá duração de 18 meses e impactará diretamente as 47 superintendências Regionais de Ensino.

Símbolo de movimento e transformação. Signo inspirado na cultura afro-brasileira da capoeira, que busca trazer fluidez e energia contra o racismo nas escolas e reverter práticas discriminatórias rumo a um futuro mais justo e igualitário. 

Esse é o projeto “Ginga: construindo a educação antirracista em Minas Gerais”, iniciativa do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), em parceria com Secretaria de Estado de Educação, Instituto AGÔ e a Plataforma Semente, lançada na tarde desta quarta-feira, 4 de dezembro, em evento realizado no Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino no Estado de Minas Gerais, em Belo Horizonte.

Um momento histórico, conforme enfatizou a promotora de Justiça Ana Carolina Zambom, coordenadora do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa da Educação (CAO-EDUC). Nascido a partir do Programa antirracista do MPMG, Sobre Tons, a pauta se expande para a promoção de uma educação inclusiva e do combate ao racismo estrutural, a partir da formação de docentes e do engajamento de alunos no ensino fundamental e médio.   “Estamos falando em desconstruir preconceitos, em princípios de tolerância. E o projeto vem com a proposta de mudança de mentalidade, promovendo o debate dentro da sala de aula”, destacou. 

Inovador e transformador, o Ginga terá duração de 18 meses e impactará diretamente as 47 superintendências Regionais de Ensino, com cerca de 3.400 unidades escolares em Minas Gerais. São cerca de 1,7 milhões de estudantes envolvidos, 62% autodeclarados negros.  De acordo com o secretário de Estado de Educação, Igor Alvarenga, a abordagem deverá ser constante, e a meta é que todas as escolas da rede estadual de ensino recebam esse trabalho de conscientização. 

A parceria em prol do projeto foi oficializada com a assinatura de um Memorando de Intenções entre MPMG e SEE.

O evento de lançamento do Ginga contou também com apresentações culturais, depoimentos e um bate-papo entre o professor da Universidade Federal de Minas Gerais (MPMG) Rodrigo Ednilson e a jornalista e apresentadora da Rede Globo Fabiana Almeida, que falou sobre as barreiras raciais que enfrentou em sua trajetória pessoal e profissional. 

Formação antirracista e justiça social 

Para o promotor de Justiça Allender Barreto Lima, da Coordenadoria de Combate ao Racismo e Todas as Outras Formas de Discriminação (CCRAD) do MPMG, a abordagem antirracista na formação dos estudantes é o grande diferencial da iniciativa, tendo em vista a construção da cidadania.

“Hoje, buscamos inaugurar um novo tempo, com a construção de políticas antirracistas no nascedouro da formação das crianças e dos adolescentes”.

Segundo ele, a estratégia será revisitar técnicas e metodologias de educação, as quais, muitas vezes, reproduzem o racismo estrutural.  De fato, com foco na capacitação dos professores e estudantes, o projeto fornecerá ferramentas práticas e teóricas para que possam desenvolver a temática racial de forma crítica e pedagógica dentro das salas de aula.

O programa terá como pilares a valorização da cultura negra, a conscientização sobre o racismo e a criação de espaços seguros para debates e diálogos abertos entre alunos, educadores e a comunidade escolar.  Idealizadora do projeto Ginga, Iara Viana apontou que os estudantes negros, apesar de representarem a maior parte na rede estadual de ensino, têm apresentado resultados piores em comparação aos demais. O projeto, segundo ela, vem para reverter esse quadro. “A educação antirracista vai olhar para a transformação social, para a justiça social, e mais do que isso, para a justiça cognitiva. É preciso dar mais a quem historicamente precisa de mais”, afirmou. 

Metodologia inovadora 

Para garantir a eficácia e a sustentabilidade das ações, o projeto Ginga traz uma metodologia exclusiva e inovadora, embasada na pedagogia da diversidade. De caráter contínuo e formativo, o projeto apresenta às escolas recursos de sensibilização-formação, por meio das pílulas de conteúdos e da Cartilha de Verbetes para uma Educação Antirracista.   Acompanham esses materiais as Diretrizes Pedagógicas Propositivas, que são roteiros de uso didático dos vídeos e da cartilha, no contexto da educação básica.

Foto e fonte: MPMG

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