O vírus da gripe aviária tem evoluído e já causa mortes em mamíferos terrestres, o que preocupa especialistas pelo risco de adaptação para transmissão entre humanos. Segundo o diretor do Instituto Butantan, essa ameaça é reconhecida globalmente e exige preparação antecipada.
Desde 2023, o Butantan trabalha no desenvolvimento de uma vacina contra o vírus H5, com o objetivo de prevenir infecções graves caso ocorra uma epidemia ou pandemia. O estudo busca avaliar a segurança, tolerância e eficácia da vacina, por meio da análise de anticorpos em voluntários vacinados.
A diretora médica do instituto, Fernanda Boulos, alerta que a maior preocupação é a possível transmissão entre pessoas, o que ainda não ocorreu, pois o vírus não se adaptou ao sistema respiratório humano. No entanto, mutações podem mudar esse cenário.
A vacina em desenvolvimento é feita com vírus inativado, sem risco de causar infecção. Após aprovação ética, cinco centros de pesquisa iniciarão o recrutamento de participantes.
A Anvisa alerta para a alta letalidade de variantes como H5N1, H5N8 e H7N9. Desde 2021, elas já causaram a morte de 300 milhões de aves em 79 países. Em humanos, a taxa de letalidade chega a 48,6%, com 464 mortes entre 954 casos confirmados desde 2003.
No Brasil, ainda não há casos humanos confirmados. O Ministério da Saúde reforça que a infecção não ocorre por alimentos cozidos, mas sim por contato com aves doentes. Em junho, o país voltou a ser considerado livre da influenza aviária em granjas comerciais, após notificação de um foco no Rio Grande do Sul.
Como medida preventiva, o governo lançou um Plano de Contingência e um guia de vigilância, além de manter exames laboratoriais, estoque do antiviral oseltamivir e capacidade de produção de vacinas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).